O Rei mau, a Galinha apressada e o Chinês tolo


O Rei mau, a Galinha apressada e o chinês tolo que ia acabando num rôlo!
A galinha apressada de patinhas afiladas e pança muito muito cheia de penas no ar, chegou ao centro da vila com a terrível nova: o rei de testa franzida até à ponta do nariz, o rei realíssimo, de realíssimas ordens reais, ordenara a morte do pequeno chinês!!
Esbaforida, não se calava em cacarejos medonhos, a galinha do ar entrepenas.
Todos na vila acorreram ao sinal de alarme e todos, num clamor sem fim, se dirigiram ao castelo fortificado onde o rei, sentado no seu realmente realíssimo trono real, lanchava tranquilamente, com os dedos enfiados na mimosa boca majestosa e com os sumptuosos anéis d'esmeraldas a escorrer doce de ginja, que tanto apreciava.
"O que fez o Chinês???"- ouviu de repente o rei, espantado com o volume da voz do povo, som colectivo que pelas janelas reais entrava e às suas orelhas chegava como um grito!
Levantou-se o rei, afastando a sua majestosa hipercapa e dirigiu-se à janela: o paço real estava atapetado de cabelos de campóneos, de cabeças cabeçudas e olhos mudos e ansiosos que fixavam a figura redonda e mal encarada do soberano.
-"O Chinês nada fez!"- respondeu o rei.
-"Então, porque o mandais matar, se nada tendes de que o acusar?"
-"O Chinês é um maltês que m'enganou desta vez e me ganhou a partida de xadrez! Agora já vês o que m'irritou desta vez!!"
-"Ora, rei...! Deixai-o viver! Vós sois o único rei que tudo pode, e muito bem fazeis em perdoar a esperteza do chinês maltês!"
-"Assim farei, povo do meu reino, reino meu do povo que aí estais! Assim fará o Rei!"
Só então a galinha apressada respirou fundo. Foi buscar o chinês maltês à cela e partiram juntos, por um caminho com muitas curvas, mas sem fim.
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