13/01/2009

"Chamada não atendida"


Nos cereais, a forma do homem que é campo!
No campo, o homem que é sombra nos cereais!
Na sombra, a pegada do homem do campo que não tem pés!
No que não tem pés, as saudades do rio!
No rio, a insónia e a estranheza do tempo que se dilatou repentinamente, presença de ausências plácidas que acompanham e despoletam vontades, pensamentos e momentos que, como sombras ou pegadas, deixam marcas visíveis (não mais, não menos) nos cereais dos meus campos, nas águas do meu Judeu, nas graças das do meu ventre, na chamada que não ouvi do meu dos dias!
***

1 comentário:

sonjo disse...

Para que não lhe falte o trigo,
para que não tenha de escolher o joio.
Assuma que
o rio é maior, é mais – inteiro.

O estar maior de imaterialmente estar, é o estar o estado maior de ser.
Trago no trago da boca o rio,
nas veias os peixes e
no peito
o suor das mulheres lavadeiras,
por entre os lençóis brancos
com cheiro a clarim…

Chamo-lhe Vénus – não a da concha

que é de plástico, mas a
de sentir, que é mais forte e sincera.

Ao ventre, ao ouvido
e ao olhar prometo só o sol, a chuva e os outros.